Geadas afetaram produção de alimentos e preços devem subir

Há queda de produção e qualidade de algumas culturas. Federação da Agricultura
e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) aponta danos e pede apoio aos
produtores em dificuldade para quitar compromissos.

Por FAESP 29/07/2021 às 14h00
Fábio de Salles Meirelles, presidente da entidade, relata ter sido feito
levantamento, por meio da rede de sindicatos rurais filiados, sobre as perdas
provocadas pelas geadas ocorridas em 19 e 20 de julho. “Foram dias de frio
intenso e abrangente, que provocou danos em várias cadeias produtivas,
especialmente na cafeicultura, cana-de-açúcar, milho e pastagens. Prejuízos foram
reportados também nos pomares de citros, cultivos de trigo, mandioca, frutas e
hortaliças”, informa, enumerando as culturas mais atingidas:

Café: estima-se que as geadas afetaram entre 10% a 20% da área nas principais
regiões produtoras do Estado. A dimensão exata ainda está sendo avaliada, em
função dos diferentes graus de severidade do frio que atingiram as lavouras. Os
danos foram mais intensos nas lavouras novas, em áreas de plantios nas
baixadas. Porém, as plantações mais maduras não passaram ilesas, o que deverá
resultar em menor rendimento e qualidade na próxima safra, com o aumento de
grãos pretos e verdes.

Cana-de-açúcar: na região de Ourinhos, dados preliminares indicam que a atual
safra 2021/22 pode estar comprometida em até 15%. Áreas com renovação e
brotação nova foram bastante prejudicadas. Nas plantações ainda não colhidas, a
seca já havia provocado queda de produtividade. Com a geada, a produção que já
estava prevista em volumes menores, tende a se reduzir ainda mais. Em
Altinópolis, regional de Ribeirão Preto, os canaviais podem ter sido afetados em
cerca de 30% da área plantada no município.

Milho safrinha: impactos severos foram registrados em municípios das regiões do
Médio Paranapanema e Sudoeste Paulista. Nas lavouras em fase de florescimento
e enchimento de grãos, os primeiros registros apontam uma quebra de
produtividade podendo alcançar em até 70%. Nas situadas em estágio mais
avançado (grão pastoso ou farináceo), a sinalização é de que o potencial produtivo
possa se reduzir entre 20% e 30%.

Pastagens: os danos foram expressivos em muitas localidades, já que grande
parte das áreas de pastagens em baixadas foram queimadas. Com a seca, a
produtividade de massa que já havia caído significativamente, tende a ser
potencializada com os efeitos da geada. Isso implicará na necessidade de
suplementação dos animais, ou seja, maiores gastos com a alimentação do
rebanho cujos custos já estão altos, com potencial reflexo na produção de carne e
leite. Produtores de leite em sistemas semi-intensivos, em Cerqueira César,
microrregião de Avaré, relataram quebra de 30% a 50% na produção em um período
de três dias.

Hortaliças: perdas chegam a 15% das áreas em produção do cinturão verde, o Alto
Tietê Paulista. Isso abrange um universo de dois mil produtores prejudicados.
Houve redução na produção e menor qualidade dos produtos. A geada impactou
também a produção nas regiões do Médio Paranapanema e Noroeste Paulista, com
prejuízos estimados acima de 50%.

Impacto na saúde financeira das propriedades rurais
Além das perdas estimadas para a agropecuária paulista, que serão expressivas
em termos agregados, preocupa a consequência individual para as propriedades
rurais, com reflexos em termos de diminuição do faturamento, margens e
incapacidade de pagamento dos custeios agrícolas. Além disso, deverá ocorrer
elevação temporária dos preços dos alimentos, devido à escassez de oferta, que
pode repercutir nos índices de inflação.

“Neste momento, é fundamental que o Ministério da Agricultura e, no Estado, a
Secretaria de Agricultura, apoiem os produtores paulistas, pois eles terão
dificuldade em honrar seus compromissos financeiros perante os credores. É
preciso criar linhas emergenciais de custeio e de prorrogação de dívidas”, pondera
Meirelles, concluindo: “Somente assim os produtores rurais poderão continuar se
dedicando às suas atividades, contribuindo para a segurança alimentar e a paz
social

Fonte : Faesp/Senar