Exportação de café do Brasil cai 19% em março com estoque menor, diz Cecafé

SÃO PAULO (Reuters) – As exportações totais de café do Brasil somaram 3,088 milhões de sacas de 60 quilos em março, queda de 19% ante mesmo mês do ano passado, refletindo a entressafra e os estoques reduzidos após duas colheitas menores em 2021 e 2022, disse nesta quarta-feira o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Em receita, o declínio foi de 26,4% na mesma comparação, para 669,5 milhões de dólares.

O volume de café verde embarcado em março chegou a 2,78 milhões de sacas, queda de 19,4% na comparação anual, diante de desempenhos negativos tanto nas exportações da variedade arábica quanto do robusta.

As vendas internacionais do grão arábica caíram 19,3% para 2,67 milhões de sacas, enquanto as de robusta baixaram 20,9%, para 107.267 toneladas, de acordo com o Cecafé.

“Como já observado no fechamento de fevereiro deste ano, a queda nos volumes exportados na comparação com o mesmo mês do ano anterior se dá principalmente por já não dispormos de remanescentes significativos da safra recorde de 2020, que, eventualmente, compensariam a perda das colheitas 2021 e 2022, afetadas substancialmente pela longa estiagem, seguida da maior geada dos últimos 27 anos”, disse em nota o presidente do conselho, Márcio Ferreira.

O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, acrescentou no comunicado que os embarques de março representam aumentos de 9% sobre janeiro e de 27% sobre fevereiro. Para ele, este movimento é justificado pelos diferenciais mais estreitos contra a Bolsa de Nova York para a safra atual, que incentiva players e produtores a acelerarem a comercialização do café remanescente.

“É possível que esse fator minimize a queda de volumes embarcados neste último trimestre da safra corrente (abril, maio e junho)”, disse.

“A B3, por exemplo, que reflete o mercado interno no Brasil, fechou, ontem (11 de abril), no vencimento maio/23, a 245 dólares por saca, enquanto o vencimento setembro/23, já vinculado à nova safra, encerrou a 225,65 dólares, ou seja, um ‘prêmio’ de 19,35 dólares por saca sobre a safra futura”, acrescentou.

Ferreira comentou também que, em relação aos cafés canéforas (conilon/robusta), a bolsa internacional vem apresentando comportamento favorável, com constantes movimentos de alta, o que tem permitido que os diferenciais do Brasil estejam menos desalinhados no mercado, apesar de o dólar mais desvalorizado em relação ao real.

“Diante da conduta do mercado global do robusta, há possibilidade para a realização de mais negócios, o que é bom, tendo em vista que, proporcionalmente, os estoques de passagem desta variedade são bem superiores ao que se vê no arábica, uma vez que nenhum acidente climático relevante, na magnitude dos registrados com o arábica, ocorreu com os canéforas.”

SAFRA

Com o desempenho de março, os embarques no acumulado da safra 2022/23 chegaram a 27,756 milhões de sacas, gerando receita de 6,384 bilhões de dólares.

Trata-se de uma queda acumulada de 9% no volume, mas faturamento 7,2% maior, “graças aos elevados preços do produto no intervalo recente, comercializado a uma média de 230 dólares por saca contra 195,34 dólares por saca nos nove primeiros meses da temporada 2021/22”.

Fonte: Isto é Dinheiro