Danone no Brasil nega interrupção de compra de soja brasileira após fala de CFO na França
Depois de o diretor financeiro da Danone na França, Jurgen Esser, afirmar à agência de notícias Reuters que a empresa parou de comprar soja brasileira e que passou a adquirir o grão de países asiáticos, a filial da Danone no Brasil emitiu um comunicado nesta terça-feira, 29, dizendo que “a informação não procede”.
A companhia ressaltou que “continua comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais”.
A decisão da gigante de laticínios ocorre em meio a discussões para a prorrogação por 12 meses do prazo para que a lei antidesmatamento da União Europeia (UE) entre em vigor – a nova lei europeia barra importações de produtos originários de terras desmatadas, legal ou ilegalmente, e exige que os exportadores comprovem a origem dos produtos com rastreamento da cadeia produtiva.
Inicialmente, a legislação deveria entrar em vigor em 30 de dezembro deste ano; no entanto, após forte pressão de países produtores de commodities, incluindo o Brasil, a implementação deve ser adiada – o adiamento, entretanto, ainda depende deaprovação do Parlamento Europeu.
A fala do CFO da empresa gerou uma reação em cadeia no agronegócio brasileiro. Mais cedo, o governo brasileiro, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), rebateu as declarações de Esser, classificando-as como “posturas intempestivas e descabidas anunciadas por empresas europeias”. Em comunicado, o Mapa afirmou que o país possui “uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo”.
A pasta também classificouas regras da nova lei antidesmatamento europeia como “arbitrárias, unilaterais e punitivas” e salientou que a produção sustentável e as negociações internacionais devem ser baseadas “na confiança mútua e no respeito à soberania e à diversidade de soluções nacionais”.
Além do governo brasileiro, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), organização dos que representa o setor no país, se posicionou contra a decisão da empresa.
Em nota, a entidade afirmou que ela é uma “demonstração de desconhecimento do processo produtivo no Brasil e um ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania”. “O boicote adotado pela multinacional francesa já traz prejuízos para o Brasil e para os brasileiros”, diz o comunicado.
Fonte: Exame