Comissão Nacional de Meio Ambiente debate medidas de prevenção e combate a incêndios
Brasília (04/09/2024) – A Comissão Nacional de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em conjunto com as Comissões de Cana-de-açúcar e Silvicultura, realizou, na terça (3), reunião para tratar do panorama dos incêndios florestais no Brasil e os impactos ambientais, econômicos e sociais.
O presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA e da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, falou que a discussão na comissão se fez necessária devidos aos impactos desses eventos que resultam na dificuldade no controle preventivo do fogo em áreas rurais em todo o território nacional.
“Precisamos nivelar as ações que estão sendo implementadas para reduzir os prejuízos dos incêndios em lavouras, pastagens e vegetação nativa. Essa é uma reunião extraordinária, com líderes do setor agropecuário, representantes de federações estaduais, e especialistas para que possamos avaliar a situação e propor soluções colaborativas”, destacou Lourenço.
Em meio à crescente crise dos incêndios florestais, o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, destacou a importância de ouvir especialistas e reunir relatos regionais para uma compreensão abrangente do problema.
“Precisamos obter informações qualificadas que permitam ao setor agropecuário formar uma posição bem fundamentada sobre a questão. A iniciativa visa integrar diferentes perspectivas e experiências regionais para elaborar uma estratégia mais eficaz e coesa no enfrentamento dos incêndios”, destacou Lucchi.
Especialistas – Participaram do debate o presidente do Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Mato Grosso do Sul, Leonardo Rodrigues Congro; o promotor de Justiça do Estado de São Paulo, Flávio Okamoto; o representante do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Fabiano Morelli.
A reunião tratou sobre a evolução das queimadas nos biomas brasileiros entre 2023 e 2024, os impactos econômicos e sociais dos incêndios florestais no estado de São Paulo, e as ações do governo federal para monitoramento, combate e prevenção aos incêndios florestais.
“Em um cenário de crise climática exacerbada por ondas de calor e seca, diversas iniciativas foram discutidas para implementação no combate e mitigação dos incêndios florestais no Brasil. Este é um momento crítico, com graves consequências para os produtores rurais devido às ondas de calor e à falta de chuvas. Só em São Paulo, 80 mil hectares de cana de açúcar foram incendiados”, disse o presidente da comissão.
O presidente da Comissão Nacional de Cana de Açúcar, Nelson Perez, também participou da reunião e relatou os danos e prejuízos relatados pelos membros regionais. O debate tratou, ainda, da proibição da queima controlada em talhões específicos de palha na cultura de cana de açúcar e impacto sobre a crise atual.
Guilherme Lui, representante da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), acrescentou que a queima controlada anteriormente ajudava na eliminação de agentes carburantes e na manutenção de faixas de segurança. “Devemos considerar a reimplementação de práticas que garantam maior controle sobre os focos de calor.”
Visão Regional – Leonardo Rodrigues Congro, tenente coronel do Corpo de Bombeiros Militares do Mato Grosso do Sul, destacou o impacto da ação humana nos incêndios e a necessidade urgente de estratégias de mitigação. “O Pantanal está em situação crítica, com um aumento significativo nos focos de calor. Precisamos de estratégias eficazes e parceria com o setor produtivo para enfrentar essa crise,” afirmou Rodrigues.
Flávio Okamotto, promotor de justiça de São Paulo, detalhou as ações em andamento no estado. “Desde 2020, o Ministério Público tem implementado operações e campanhas de prevenção. Estamos desenvolvendo brigadas de incêndio municipais e fortalecendo a comunicação e investigação dos incêndios,” relatou Okamotto. Ele também destacou a criação de mapas com dados históricos e a necessidade de aumentar o patrulhamento para identificar e combater queimas criminosas.
Parcerias e Capacitação – O coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias, falou sobre a parceria que o Senar tem com a Previfogo/Ibama, uma instituição federal dedicada ao combate de incêndios florestais. O convênio oferece capacitações e ferramentas para prevenção e controle de incêndios. “Estamos desenvolvendo cursos e materiais para capacitar os produtores rurais e melhorar a gestão de riscos de incêndio,” afirmou um representante da Previfogo.
Os cursos e cartilhas podem ser acessados no site do Sistema CNA/Senar.
Tecnologia e Monitoramento – Fabiano Morelli, do INPE, explicou o avanço nas tecnologias de monitoramento de incêndios. “O INPE utiliza 11 satélites para um monitoramento diário e contínuo. Estamos integrando inteligência artificial para melhorar a precisão dos dados sobre os focos de calor,” disse Morelli. Ele enfatizou a importância de utilizar essas tecnologias para desenvolver melhores estratégias de combate e prevenção.
De acordo com Muni Lourenço, o encontro evidenciou a necessidade de uma abordagem colaborativa e multifacetada para enfrentar os incêndios florestais. A combinação de medidas preventivas, estratégias baseadas em dados, e a implementação de tecnologias avançadas são essenciais para minimizar os impactos e proteger as áreas afetadas. A participação ativa de todos os setores e a contínua avaliação das políticas são cruciais para garantir uma resposta eficaz à crise.
A reunião contou com a participação de representantes de outras comissões nacionais da CNA, assessores técnicos, representantes de sindicatos rurais e federações estaduais.
Fonte: CNA