China ainda precisa comprar mais 10 milhões de toneladas de soja para embarques de junho a setembro
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma nova venda de soja para destinos não revelados nesta quarta-feira (18). Foram 229,2 mil toneladas, sendo 10,2 mil da safra 2021/22 e 219 mil da safra 2022/23.
As vendas feitas no mesmo dia, para o mesmo destino e com volume igual ou superior a 100 mil toneladas devem sempre ser informadas ao departamento.
“O mercado já vinha comentando a possibilidade de ocorrência de novas vendas dos EUA para a safra 22/23, visto que a soja americana está entre 10 e 20 centavos por bushel mais barata que a brasileira para embarques a partir de agosto”, explica a equipe da Agrinvest Commodities.
Por outro lado, ainda de acordo com os especialistas, para os embarques de junho a julho, a soja do Brasil é mais barata, o que teria feito a nação asiática comprar cerca de cinco navios da oleaginosa nacional nos últimos dias.
Os chineses seguem pulverizando suas compras e buscando garantir as melhores oportunidades de preços para estar adequadamente abastecido para a temporada. Os cálculos da Agrinvest mostram que a China precisa comprar ainda 10 milhões de toneladas, pelo menos, para embarques de junho a setembro.
“Traders comentam que a China comprou de dois a três cargos de soja nos EUA para embarque agosto e de cinco a seis no Brasil para embarque julho. No Brasil, os prêmios do cargo FOB Santos subiram 10 centavos na semana”, explica o analista de mercado Eduardo Vanin.
A demanda do país asiático pela oleaginosa se mostrou acontecendo em um ritmo diferente nesta temporada, estando mais contida e se dividindo entre Brasil e Estados Unidos diante dos preços elevados e do apertado balanço de oferta e demanda. Dentro desta estratégia, as compras da China nos Estados Unidos de soja 2022/23 estão mais fortes do que há um ano, justamente por conta dos preços atuando em patamares menores do que os observados no mercado spot.
Em abril, as importações de soja da China foram de 8,080 milhões de toneladas, 8,5% maiores se comparadas ao mesmo período do ano passado. No primeiro quadrimestre do ano – janeiro a abril – o volume, porém, é 0,9% menor do que há um ano, somando 28,370 milhões de toneladas. No mesmo período, as compras foram menores também de trigo – 2%, cevada – 29%, carne suína – 65% – e açúcar – 4%.
Em seu último boletim mensal de oferta e demanda, o USDA trouxe as projeções iniciais para a temporada 2022/23 já estimando as importações de soja da China em 99 milhões de toneladas, contra o número de 92 milhões para a safra 2021/22. E o potencial é de que essas compras possam ser ainda mais robustas.
“A demanda para exportação deverá continuar sendo liderada pela China, que responde por mais de 50% do comércio global da oleaginosa, recuperando-se de seu consumo mais contido neste ano comercial”, afirmam os especialistas do departamento norte-americano. “As importações de soja chinesas poderão ser as mais fortes desde a safra 2019/20, quando a suinocultura estava se recuperando do surto mais grave de Peste Suína Africana”, complementam.
O USDA traz projeta ainda um aumento – também esperando uma melhora no setor suinícola chinês – do esmagamento de soja no país, dada uma demanda maior por alimentação animal. Assim, não só o esmagamento de soja deverá ser maior, como as exportações de farelo também poderão apresentar um incremento para 31,6 milhões de toneladas, se recuperando depois do processamento mais contido – com margens de esmagamento que vinham muito ruins – e, consequentemente, de uma oferta limitada para ser exportada.
Fonte: Notícias Agrícolas